Modelo de Recurso administrativo. Aposentadoria especial. Mecânico. Justificação administrativa favorável desconsiderada. JA indeferida por ausência de três testemunhas. Dispensabilidade do início de prova material por caso fortuito.

Última atualização: 01 de junho de 2023

O recurso solicita o reconhecimento de atividade especial e concessão de aposentadoria especial ao segurado. Alega exposição a agentes nocivos como ruído, óleos, graxas e hidrocarbonetos em atividades de mecânico de manutenção industrial. Requer o enquadramento por categoria profissional até 28/04/1995 e por agentes nocivos após essa data. Apresenta registros em CTPS, DSS-8030 e justificação administrativa como provas. Argumenta que a falta de contribuição diferenciada como autônomo não impede o reconhecimento da especialidade. Pleiteia o reconhecimento dos períodos de 1975 a 2019 como especiais, totalizando mais de 25 anos. Subsidiariamente, requer a conversão do tempo especial em comum e concessão de aposentadoria por tempo de contribuição. Pede a reafirmação da DER caso necessário.

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ILUSTRÍSSIMOS(AS) SENHORES(AS) CONSELHEIROS(AS) DA JUNTA DE RECURSOS DO CONSELHO DE RECURSOS DO SEGURO SOCIAL

        

NB 46/${informacao_generica}

 

${cliente_nomecompleto}, ${cliente_qualificacao}, por meio de seus procuradores, com fulcro no art. 587 da IN 128/2022, interpor o presente RECURSO ORDINÁRIO, pelos fundamentos a seguir expostos:

 

FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS

O Recorrente, no dia ${data_generica}, elaborou requerimento de aposentadoria especial, a partir do reconhecimento da especialidade dos períodos contributivos compreendidos entre ${informacao_generica}, nos quais exerceu atividade de mecânico de manutenção e técnico em eletrônica, exposto a ruído acima dos limites de tolerância e a tóxicos orgânicos, manifestamente cancerígenos, sendo devida a pertinente conversão dos períodos de atividade especial em comum.

O benefício foi indeferido, mesmo após o cumprimento das exigências pelo Recorrente e a realização de justificação administrativa considerada favorável ao reconhecimento da especialidade do período compreendido entre ${data_generica} e${data_generica} (fl. ${informacao_generica}).

No presente caso, a autarquia previdenciária não reconheceu a especialidade de nenhum dos lapsos acima requeridos, sob a justificativa de que as atividades exercidas nos períodos de ${data_generica} e ${data_generica} não foram consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física, de acordo com as conclusões da Perícia Médica (fls. ${informacao_generica} do processo administrativo).

Não obstante, verifica-se que o INSS não apresentou qualquer justificativa para não ter sido reconhecida a especialidade dos outros períodos requeridos, bem como que a justificativa apresentada quanto ao período de ${data_generica} e ${data_generica} não deve prosperar.

Sendo assim, passa-se à análise das razões pelas quais a decisão deve ser revista.

PRELIMINARMENTE – DO REGULAR RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

Inicialmente, o Recorrente esclarece que a empresa ${informacao_generica} verteu regularmente as contribuições previdenciárias, tendo em vista a indicação expressa de vínculos com remunerações que possuem exposição a agente nocivo. Veja-se (CNIS):

 

${informacao_generica}

Assim, é dispensada a realização de nova análise da atividade desenvolvida, sobretudo porque a própria empresa já reconheceu a exposição a agentes nocivos pelo Segurado e efetuou o recolhimento regular das contribuições devidas!

Logo, o período compreendido entre ${data_generica} e ${data_generica} é INCONTROVERSO, tornando-se imperativo o reconhecimento da especialidade laborativa.

Por oportuno, cumpre mencionar o entendimento adotado pelo Conselho de Recursos da Previdência Social:

 

O período de 19/02/2002 a 01/04/2012, exercido na empresa Estaleiro Mauá Petro-Um S.A., deve ser enquadrado no Código 2.0.1, do Anexo IV ao Dec. nº 3.048/99, tendo em vista constar informação de exposição a agentes nocivos e alíquota majorada, conforme artigo 22, II da Lei nº 8.212/91, bem como, contém o indicativo IEAN – Indicador de Vínculo com Remunerações que possuem exposição a agente nocivo. Portanto, tem-se que não há impedimento para o reconhecimento da natureza especial do lapso, eis que houve o correspondente custeio. (Processo nº 44232.001202/2014-24 / APS Niteroi – Barreto / NB 42/163.681.066-4 / Rel. Julia Nojosa Lessa de Freitas)

 

Ainda que não fosse este o entendimento, conforme será melhor explanado a seguir, para a comprovação da especialidade do labor desempenhado no lapso acima, o Recorrente apresentou o laudo técnico pertinente à época (DSS – 8030, fl. ${informacao_generica}), bem como apresentou testemunhas idôneas, as quais compareceram à justificação administrativa e cujo depoimento foi “FAVORÁVEL à comprovação de exercício de atividade especial no período solicitado”, conforme expressamente afirmado pelo servidor do INSS (fl. ${informacao_generica}).

Logo, considerando que o indicativo IEAN foi plenamente corroborado pelas provas documentais e orais produzidas, inexiste razão para que não seja reconhecida a especialidade do lapso laboral compreendido entre xx/xx/xxxx e xx/xx/xxxx!

DO DEVER DE FISCALIZAÇÃO DO INSS

É importante mencionar, inicialmente, que compete ao servidor do INSS responsável pela condução do processo, juntamente com o segurado requerente, a instrução do processo administrativo, com o intuito de reunir toda a documentação indispensável ao processamento do benefício pleiteado.

No que se refere à prova da atividade especial, cabe tecer breves considerações sobre o chamado “Adicional do SAT”. O SAT/GILRAT tem o objetivo de financiar os benefícios concedidos pelo INSS em razão do grau de incidência da incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho.

As empresas nas quais o risco de acidente do trabalho relativo à atividade preponderante seja considerado como leve a alíquota é de 1%; para as de grau médio 2%; e para as de grau grave a alíquota é de 3%, incidentes sobre a totalidade da remuneração paga pelas empresas aos empregados e aos avulsos.

Ou seja, tal espécie de contribuição deve ser recolhida em percentual proporcional ao grau de nocividade da exposição do empregado aos agentes agressivos, exclusivamente sobre a remuneração do segurado.

O Decreto 6.042/07 acrescentou o artigo 202-A ao Decreto 3.048/99 criando o Fator Acidentário de Prevenção (FAP). O FAP é um multiplicador variável entre 0,50 e 2,00 cujos índices variam de acordo com a gravidade, frequência e os custos dos acidentes de trabalho, podendo aumentar ou reduzir o SAT básico, considerando-se o GRAU DE RISCO da empresa.

A partir de então, se a empresa toma todos os cuidados necessários para evitar os ACIDENTES DE TRABALHO, gerando POUCOS CUSTOS PARA O INSS, a alíquota do FAP poderá ser menos que 1,00, reduzindo o valor do SAT, consequentemente.

Evidente que a intenção do legislador foi BENEFICIAR AS EMPRESAS que tomam as devidas precauções, ESTIMULANDO OS CUIDADOS COM OS EMPREGADOS. Um estímulo financeiro EXCELENTE, não é mesmo?!

Ocorre que, sem a devida FISCALIZAÇÃO, não há clareza e precisão nos dados lançados pelas empregadoras, dificultando a demonstração de melhora ou piora nas condições de trabalho e nas prevenções dos acidentes de trabalho. Desse modo, os valores apontados pelo INSS para as alíquotas do FAP podem não corresponder à realidade.

Por óbvio, o empregador que omitir a informação de ambiente insalubre SE EXIME DE PAGAR A CONTRIBUIÇÃO ESPECÍFICA e, ainda, SE EXIME DE DEMONSTRAR SE HOUVE MELHORA OU PIORA NO AMBIENTE DE TRABALHO!

Os números evidenciam essa tendência. Com base em dados da GFIP – Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social, a quantidade total declarada pelas empresas de trabalhadores expostos a agentes nocivos vem apresentando uma REDUÇÃO ACELERADA.

De acordo com o gráfico abaixo, que mostra a quantidade de trabalhadores expostos a agentes agressivos a partir da exigência da contribuição da aposentadoria especial, entre junho de 1999 e março de 2000, o número de trabalhadores reduziu em média 25,9%. Isso explica o número cada vez menor de concessões de aposentadorias especiais pelo INSS. Será que esses dados representam um cenário real?

${informacao_generica}

Importante destacar que a contribuição existe e está prevista em lei. Basta que haja fiscalização e cobrança efetiva pela Autarquia Previdenciária!!!A forma de custeio da aposentadoria especial e as informações INVERÍDICAS prestadas pelas empregadoras têm impedido que os segurados expostos a agentes nocivos à sua saúde e integridade física tenham seu direito reconhecido pelo INSS!

Destarte, não se pode permitir a descaracterização da atividade especial ou a não concessão do benefício de aposentadoria especial ao segurado pela não contribuição a cargo do empregador, eis que se presume que ela foi realizada, ao teor do que estabelece o art. 33, § 5º, da Lei 8.212/91, perceba-se (grifos nossos):

 

§ 5º O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto nesta Lei.

 

Incabível, portanto, discutir em um processo de concessão de benefício matéria de custeio. Se houve exposição do segurado aos agentes nocivos, cabe ao INSS propor a ação de cobrança que entender cabível para sanar a discussão sobre o equilíbrio financeiro e atuarial.

Pelo exposto, tratando-se de atividade especial, a precedência da fonte de custeio e a necessidade de arrecadação e fiscalização também geram reflexos no preenchimento dos formulários PPP pelo empregador.  Isto ocorre porque, é mais vantajoso para o empregador OMITIR a exposição do empregado a agentes nocivos, eis que não haverá necessidade de pagar a contribuição específica. Contudo, não é possível permitir que o segurado pague essa c

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